segunda-feira, 2 de março de 2009

Boto - Versão final

Nas águas calmas do Sado
A vida faz-se nadando
De nada, em nada

Onde os peixes são pequenos
Vestem escamas tão cinzentas
Todos iguais

Mas no rio algo agitado
Grande, belo, engolfinhado
Olha o Boto

Vê nas margens um aquário
E no fundo o Além-Sado
De sonho, em sonho

Neste ponto a música muda e enquanto o coro canta a palavra "Apaiari", ouve-se o seguinte diálogo entre o Boto e Óscar, um peixe tropical que o atropela:

Óscar: Sai da frente cara! Não me faça perder a correnteza, que com certeza me levará de volta ao Sul.

Boto: Mas quem és tu?

Ó: Óscar, meu nome é Óscar. Apaiari de igapó amazónico, aprisionado por tempo demais em chaleira de vidro portuguesa, salvo por um menino e um autoclismo, de bússula apontada ao Sul.

B: Eu sou o Boto, e cores como as tuas nunca tinha eu visto em nenhum lado do Sado. Quem me dera ter coragem de sair do perto...

Ó: Ó meu Boto, cara de peixe engolfinhado. Salta, nada, corre comigo! Sai daqui! Aproveita os buracos, os barcos, as estrelas, os tubos do Homem. Vem daí com Óscar, apaiari de igapó amazónico. Sai do perto, vamos para o longe!

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