Nas águas calmas do Sado
A vida faz-se nadando
De nada, em nada
Onde os peixes são pequenos
Vestem escamas tão cinzentas
Todos iguais
Mas no rio algo agitado
Grande, belo, engolfinhado
Olha o Boto
Vê nas margens um aquário
E no fundo o Além-Sado
De sonho, em sonho
Neste ponto a música muda e enquanto o coro canta a palavra "Apaiari", ouve-se o seguinte diálogo entre o Boto e Óscar, um peixe tropical que o atropela:
Óscar: Sai da frente cara! Não me faça perder a correnteza, que com certeza me levará de volta ao Sul.
Boto: Mas quem és tu?
Ó: Óscar, meu nome é Óscar. Apaiari de igapó amazónico, aprisionado por tempo demais em chaleira de vidro portuguesa, salvo por um menino e um autoclismo, de bússula apontada ao Sul.
B: Eu sou o Boto, e cores como as tuas nunca tinha eu visto em nenhum lado do Sado. Quem me dera ter coragem de sair do perto...
Ó: Ó meu Boto, cara de peixe engolfinhado. Salta, nada, corre comigo! Sai daqui! Aproveita os buracos, os barcos, as estrelas, os tubos do Homem. Vem daí com Óscar, apaiari de igapó amazónico. Sai do perto, vamos para o longe!
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